Qual tempo de tela por idade é ideal para cara criança?

Se você chegou a este artigo com certeza tem crianças e/ou adolescentes em casa, não é mesmo? Por aqui estamos sempre preocupados com o bem-estar da nossa juventude (e futuro do planeta!), portanto nesse post conversaremos sobre um assunto sério que é o terror de todos os pais da era digital: “Qual tempo de uso de telas é o ideal para o meu filho/filha?”.

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Qual tempo de tela por idade é ideal para cara criança?

Essa é uma discussão ativa e recorrente na nossa sociedade atual, tendo em vista a grande lista de prejuízos causados aos jovens pela excessiva exposição às telas de smartphones, tablets, computadores e TVs (especialmente quando conectadas aos videogames)!

Os prejuízos também acometem todo o núcleo familiar, que precisa lidar coletivamente com o problema, tornando a questão uma relevante pauta de saúde pública.

Por que é importante regular o uso das telas?

Não dá pra negar que a tecnologia facilita nossas vidas. Podemos ter tudo à disposição de forma instantânea! Informações, músicas, filmes, transporte, comida, objetos… Só que facilidade demais vicia, afinal somos biologicamente programados para sobreviver. Estamos sempre buscando conforto, sombra, água fresca e uma maneira de gastarmos o mínimo possível da nossa energia com tarefas chatas ou que não nos deem uma boa recompensa pelo esforço.

O cérebro de crianças e adolescentes está em processo de desenvolvimento, de compreensão do mundo, e portanto não tem ainda o amadurecimento necessário para entender que obrigações e atividades entediantes também fazem parte do cotidiano.

Um primeiro bom motivo para regular o uso de telas por seus filhos é o estímulo ao florescimento de virtudes como autocontrole, resiliência, tolerância e capacidade de resolver problemas. Eles vão precisar disso na fase adulta e o quanto antes incorporarem esses aprendizados melhores vidas terão!

Jovens se arriscam mais, calculam menos suas decisões e são mais vulneráveis a golpes e artimanhas de pessoas mal intencionadas. A internet é terra de todo mundo, então seu filho pode estar se comunicando com qualquer ser do Planeta Terra! E o planeta é grande demais. Então aí está um segundo motivo para controlar as telas dos pequenos: protegê-los de golpistas, assediadores, pedófilos e outros cybercriminosos.

Seguindo essa linha de raciocínio, assim como o acesso à gente do mundo inteiro, a internet também disponibiliza todo e qualquer tipo de conteúdo para seus usuários. E embora existam critérios de classificação indicativa elaborados pelo Ministério da Justiça e Cidadania, na prática sabemos que pouco funcionam.

Além disso, indústrias como a da beleza e do emagrecimento atuam livremente nas redes, ativando gatilhos e desestabilizando a autoestima de adolescentes, principalmente meninas, com seu marketing nada responsável.

Evitar o acesso prematuro a conteúdos pornográficos, sexuais e violentos ou que afetem a saúde mental das suas crianças sem o devido suporte de um adulto também é um bom motivo para ficar de olho no que elas andam vendo no mundo virtual.

Redes Sociais como Instagram, Facebook e Tiktok, que estigmatizam e supervalorizam a imagem física e moral dos usuários, viraram espaços férteis para ataques de bullying e para o chamado “cancelamento” dos círculos sociais, causando desordens emocionais e psicológicas nas crianças mais velhas e adolescentes, muitas vezes de forma irreversível.

Podemos ainda mencionar outros danos causados pelas telas, e que também devem ser levados em conta na decisão do controle de uso, como problemas oculares, sedentarismo, maior propensão à obesidade, déficit cognitivo e isolamento social.

Tempo de tela para crianças e adolescentes

Não há consenso sobre qual o tempo de tela ideal para crianças e adolescentes, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu alguns parâmetros norteadores que foram utilizados por entidades médicas de todos os países do mundo para orientar pais e cuidadores.

Aqui no Brasil, a cartilha mais seguida é a da Sociedade Brasileira de Pediatria, resultado de estudos científicos realizados pelo grupo de trabalho “Saúde na Era Digital”. As recomendações do Manual de Orientação da SBP, de 2021, são as seguintes:

  • Crianças até 2 anos: Evitar a exposição às telas (inclusive passivamente!)
  • Crianças entre 2 e 5 anos: Limitar o tempo de telas ao máximo de 1 hora/dia (sempre
    com supervisão de pais/cuidadores/responsáveis)
  • Crianças entre 6 e 10 anos: Limitar o tempo de telas ao máximo de 1-2 horas/dia
    (sempre com supervisão de pais/responsáveis)
  • Adolescentes entre 11 e 18 anos: Limitar o tempo de telas e jogos de videogames a
    2-3 horas/dia, e nunca deixar “virar a noite” jogando.

Há também quem seja mais radical no que diz respeito ao tema, como o pesquisador francês Michel Desmurget, especializado em neurociência cognitiva, que defende veementemente o “tempo 0” de telas para crianças de até 6 anos de idade. Segundo o cientista, “quanto mais tempo de tela, menos inteligente e humana ela fica”.

Bom, o fato é que cada família vivencia uma realidade distinta, não havendo como padronizar regras para todos os lares. É importante que os responsáveis considerem as recomendações dos especialistas e também o seu contexto particular, sempre prezando pela boa saúde, desenvolvimento humano e melhor qualidade de vida dos seus filhos.

Como acompanhar e estabelecer uma rotina saudável para o uso de telas na infância?

A hiperconectividade está entranhada na vida moderna e aposto que você já deve ter pensado em algum momento que não há muito o que fazer sobre isso. É preciso trabalhar, dar conta dos afazeres domésticos, de várias outras obrigações, e fica quase impossível controlar o acesso das crianças às telas, até porque muitas vezes são elas que as entretém enquanto você consegue finalmente descansar naqueles 10 minutinhos ao final do dia!

No entanto, nossos pequenos precisam sim de proteção e cuidado das big techs, grandes empresas de tecnologia, que inclusive não facilitam em nada as coisas para os pais criando ferramentas cada vez mais lúdicas, intuitivas e envolventes para o público infantil. É complicado!

Pra te ajudar, vamos dar algumas dicas pra incluir na rotina, certo? Inicialmente, precisamos te falar que é necessário primeiro que o adulto cuidador se reeduque em relação ao seu próprio uso dos dispositivos eletrônicos. Sem isso, como convencer a criança a utilizá-los também de forma saudável? É comum que os pais muitas vezes nem desgrudem os olhos do celular enquanto respondem um questionamento dos filhos. Fica então aí a dica para reflexão, hein! Após essa autoanálise, podemos continuar…

Estabeleça horários pré-definidos e limite de tempo diário para uso dos aparelhos eletrônicos, de preferência sempre após as obrigações escolares. Durante esses períodos, estimule que a criança os utilize em espaços comuns da casa, sempre com um adulto por perto. E jamais adorne o quarto da criança com computador, TV ou video-game. Esses itens devem estar na sala ou em outro lugar que evite livre acesso e isolamento.

Restringir totalmente o uso de telas durante as refeições e pelo menos 1 ou 2 horas antes de dormir também é uma regra saudável para estimular a interação social e promover cuidados com a saúde mental e ocular.

Se for o caso, utilize aplicativos desenvolvidos especificamente para controle de uso pelos pais como o Google Family Link, Net Nanny e Norton Family.

Crie o hábito de dialogar de maneira aberta e acolhedora com seus filhos a fim de que eles se sintam confortáveis para relatar qualquer problema decorrente da presença virtual. Dessa forma, você poderá agir com rapidez caso algo ruim lhes aconteça!

E a última – e talvez mais valiosa – dica que podemos te dar é incluir na rotina familiar atividades regulares ao ar livre, onde haja contato com a natureza, com a vida humana de verdade! Um dia totalmente free de telas! Estimule práticas esportivas, culturais e de lazer. Leve a sua criança em parques, praias, museus, brinquedotecas.
Ajude-a a interagir com outras crianças e com o mundo real. Só assim ela se sentirá parte dele.

Débora Santiago
Débora Santiago

Débora é a mãe do Bê, turismóloga, fotógrafa por profissão e blogueira por vocação. Depois de rodar o Rio em busca de atividades para crianças, resolveu escrever um blog para quem busca destinos e atividades divertidas na Cidade Maravilhosa com seus pequenos.
Além do Pequenos no Rio escreve para os blogs O Diário de uma Viajante e Day Use no Rio.

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